A unidade Correia Lima recebeu, na noite de terça-feira, 9 de maio, a psicóloga, mestre e doutora em Psicologia, Bruna Wendt, para um encontro do programa Cuidar é Básico com as famílias e os educadores do Ensino Fundamental – Anos Finais.
Com o tema Adolescência e Comportamento de Risco, a especialista abordou aspectos sobre como as famílias podem prevenir e perceber comportamentos de risco em seus filhos, e deu dicas de como lidar com essas questões. Além disso, falou sobre os fatores biológicos e sociais que fazem a adolescência ser uma fase de alerta para comportamentos de risco, entre os quais estão a falta de maturidade do córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pela regulação das emoções, e a necessidade de construção da identidade.
“A relação que você tem com seu filho adolescente começou a ser construída na infância”, destacou a psicóloga ao orientar os pais a acessarem tanto as lembranças de quando eram adolescentes quanto a relação construída com os filhos desde a infância para se manterem presentes e como referência nessa nova etapa do desenvolvimento. Para isso, propôs uma dinâmica aos presentes: segurar uma boneca no colo como se fossem seus filhos bebês. O momento foi de bastante emoção e os pais puderam lembrar o quanto desejaram e cuidaram de seus filhos.
Para introduzir o assunto da palestra, Bruna fez perguntas para os presentes responderem com plaquinhas de “verdade” ou “mito” e conduziu as respostas. Ela destacou que existem vários tipos de comportamento de risco e abordou com mais profundidade os comportamentos violentos, especialmente os auto infligidos, como cortar-se, arranhar-se, bater-se.
A especialista destacou fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento desses comportamentos pelos adolescentes. Entre os fatores de risco, estão pouca comunicação, violência e baixa supervisão familiar; pais ou cuidadores excessivamente críticos e pouco validantes; baixa autoestima; impulsividade e instabilidade emocional; baixa tolerância à frustração; baixa capacidade de comunicação e de resolução de conflitos; transtornos associados e influência de pares – contágio. Já os fatores de proteção abordados foram: apoio social positivo – da família, de amigos e da comunidade; cuidadores atentos às necessidades dos filhos; diálogo democrático com pais e cuidadores; relações baseadas em afetividade e limites realistas; orientação e supervisão adequadas para a idade; bons níveis de autoestima e autoeficácia e bons níveis de habilidades sociais.
Bruna também explicou que a autolesão pode ter diferentes funções para o adolescente, servindo como estratégia de regulação emocional (alívio da dor emocional, culpa ou vergonha); autopunição; aprendizagem social (quando o indivíduo relaciona os machucados aos cuidados recebidos da família) e comunicação e sinalização da dor para a sociedade.
Sobre os sinais que devem ser interpretados com atenção pelas famílias, ela destacou os relatos de solidão e tristeza; a tendência ao isolamento social; a queda abrupta do rendimento escolar; mudanças nos padrões de sono ou alimentação, e comportamentos de ocultação dos ferimentos (roupas de manga longa no calor, por exemplo).
Já as dicas sobre como abordar o tema com os adolescentes ou intervir caso perceba algo foram: escuta empática e postura não julgadora; ser direto na forma de abordar o assunto; e buscar suporte de serviços e profissionais especializados, em caso de confirmação.
Após a fala, as famílias fizeram perguntas e expressaram suas opiniões sobre o encontro.
“É nosso primeiro ano na escola e estamos muito felizes. Essa aproximação, em uma fase onde a tendência é o afastamento, tem um valor inestimável. E nada melhor do que o apoio e as orientações de especialistas para isso”, declara Fabiana Ferreira dos Santos, mãe de um estudante do 7º ano. Segundo ela, a conversa teve uma abordagem muito adequada, o que facilitou o entendimento da mensagem de forma leve e eficiente.
Sobre o Cuidar é Básico
O Programa Cuidar é Básico atua em três frentes: aprendizagem, saúde e convivência.
No eixo aprendizagem, tem-se como objetivo principal a implantação de ações permanentes que contribuam para a construção de um ambiente que estimule e favoreça as rotinas, os espaços e os tempos de aprendizagem de cada estudante. No eixo saúde, objetiva-se a implantação de ações que favoreçam o desenvolvimento de hábitos saudáveis e prevenção ao uso de drogas. Já no eixo convivência, o foco está relacionado à implantação de ações que qualifiquem as relações interpessoais, que favoreçam o bem-estar e privilegiem a convivência saudável.
Ao longo de cada ano, o Cuidar é Básico promove reuniões, palestras e eventos que envolvem estudantes, educadores, familiares e demais integrantes da comunidade escolar. As ações são coordenadas pelo SOE – Serviço de Orientação Educacional.
Em 2022, o programa ganhou um podcast no Spotify. A fim de ampliar as possibilidades de debate e reflexão, a playlist traz episódios que abordam temáticas como regulação emocional, segurança digital, uso de álcool e outras drogas e entre outras. Clique aqui para ouvir.