Com o projeto Máscara de proteção biodegradável a partir das fibras presentes na fruta tropical mangifera indica, as estudantes da 2ª série do Ensino Médio, Barbara Müller Sofia da Rocha, Gabriela Gonzalez dos Santos e Valentinna Rinaldi Foscarin, receberam, na quinta-feira, 08 de dezembro, o prêmio de melhor projeto do Ensino Médio da Regional Minas/Sul da 11ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma), na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A cerimônia reuniu jovens pesquisadores de escolas públicas e privadas de todo o Brasil.
A estudante Valentinna Rinaldi relata como foi a experiência de estar na Fiocruz, instituição que atua na pesquisa e no desenvolvimento científico e tecnológico da saúde brasileira e é a organização com mais destaque na área na América Latina:
“Com certeza foi uma experiência única estar em um evento da Fiocruz e conhecer toda a magia por trás da Ciência que gerou tantos avanços para o nosso País. O impacto que isso causou em mim de fato é único! Pretendo fazer Medicina e estar em um local tão importante para a medicina brasileira é muito especial e significante. Não poderia ter lugar melhor para irmos e nos apaixonar mais pela Ciência, fiquei muito feliz por ter esta oportunidade.”
O grupo foi ao Rio de Janeiro acompanhado pela professora responsável pelo Laboratório de Biologia, Tanilene Persch, que orientou o trabalho, e pela Orientadora Pedagógica, Marília Dal Moro.
“Foi a primeira vez que o Colégio Farroupilha participou desta olimpíada. Ser premiada por uma instituição como a Fiocruz é algo que valoriza tanto o trabalho das estudantes quanto faz com que elas busquem a formação profissional depois”, destacou Tanilene.
No evento, as estudantes e as educadoras puderam, ainda, conhecer pesquisadores de todo o país, com destaque para Akira Homma, epidemiologista responsável pela vacina oral da poliomielite.
De acordo com a organização da Olimpíada, a edição de 2022 da competição envolveu mais de 16 mil alunos e professores da educação básica de todo o país e teve cerca de 800 trabalhos inscritos por 273 escolas. Com a participação de mais de 40 profissionais, as comissões avaliadoras selecionaram 36 destaques durante a Etapa Regional. Cada regional premiou 6 trabalhos, nas modalidades Produção Textual, Projeto de Ciências e Produção Audiovisual e nas categorias Ensino Médio e Ensino Fundamental.
Sobre o projeto
A pesquisa consistiu na criação de uma máscara biodegradável a partir de uma espécie vegetal muito consumida no Brasil e popularmente conhecida como “manga”. A justificativa para o desenvolvimento do trabalho foi a pandemia da COVID-19, e o grupo usou como metodologia a prototipagem de um tecido a partir da fibra do fruto Mangifera indica; a testagem da resistência do material à umidade, realizada conforme protocolo de D. Rodrigues; a avaliação da capacidade de filtração do tecido elaborado, segundo a Secretaria do Estado do RN; a mensuração do tempo de decomposição do produto elaborado; e a confecção de uma máscara de proteção individual com material têxtil. Duas receitas foram testadas para a prototipagem, ambas compostas pelo fruto: um preparo com casca e outro sem, com adição de 30 gramas de amido de milho. A amostra mais flexível e intacta foi a de manga sem casca. Ainda se busca o aprimoramento da flexibilidade do tecido. Serão executados novos testes para que, então, haja a confecção do equipamento de proteção.
Em 2022, a pesquisa também foi apresentada na 37ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec) e no Espaço Jovem Cientista da PUCRS, o projeto desenvolvido pelas estudantes.
Pesquisa Científica no Farroupilha
A pesquisa é uma das competências estratégicas que são priorizadas na proposta pedagógica do Colégio Farroupilha. A formação para a pesquisa é iniciada já na Educação Infantil, com os projetos das turmas desenvolvidos com base na curiosidade das crianças e que incentivam a observação, a sensibilidade necessária para qualquer pesquisador e as descobertas ao longo do processo. Assim como as crianças, nos Anos Iniciais, também por meio dos projetos, os estudantes são desafiados a resolver problemas e, com os colegas, vivenciarem experiências inspiradas na Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL), que convoca uma participação investigativa e ativa. A partir do 6º ano, o desenvolvimento do método científico é sistematizado, por meio do programa Conexão Ciência, e os estudantes começam a trabalhar nos seus projetos em pequenos grupos, em duplas, ou individualmente. A cada ano, as habilidades desenvolvidas vão se tornando mais complexas e os trabalhos ganham maior aprofundamento. Os estudantes são provocados a participar de eventos externos, como o Salão UFRGS Jovem e o Espaço Jovem Cientista da PUCRS. Alguns são, ainda, indicados a eventos de porte nacional como a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) e a Mostratec.
De acordo com Marília, essas vivências, além de apoiar o desenvolvimento da capacidade de argumentação dos alunos para a defesa dos seus projetos, permitem que eles conheçam o que está sendo realizado por estudantes em outros espaços e qualifiquem o método científico. Nessa olimpíada promovida pela Fiocruz, estudantes de todas as regiões do Brasil, de escolas públicas e privadas, tiveram a oportunidade de dar visibilidade aos seus projetos.
A educadora destaca, ainda, que, nos últimos anos, o Colégio tem investido e incentivado que os estudantes possam vivenciar oportunidades como essa, a fim de que potencializem seus projetos de vida e também aprofundem conhecimentos.
“As trocas de saberes e a ampliação da visão de mundo dos estudantes fazem dos eventos de iniciação científica importantes momentos de desenvolvimento de uma postura científica, pois são oportunidades em que diferentes realidades se encontram e que, para além das habilidades cognitivas, apoiam no desenvolvimento de uma série habilidades socioemocionais”, conclui Marília.