Altruísmo. Essa é a palavra que define uma das características mais marcantes de João Vitor Severo, de 21 anos, que concluiu o Ensino Médio no Colégio Farroupilha em 2017. Atualmente, o jovem busca conciliar sua vida de empresário e de mestrando com projetos sociais. De acordo com João, envolver-se com algo maior do que ele mesmo é o que faz sua vida ter sentido.
Infância e envolvimento escolar
João Vitor conta que a mãe, Carla Severo, foi quem mais o incentivou a ser solidário: quando criança, era convidado por ela a separar roupas e brinquedos para doação. Na adolescência, entrou para o Grupo de Voluntariado do Colégio Farroupilha, em que passou a ter contato com diferentes realidades a partir das ações promovidas.
Porém, ele quis ir além, e, em parceria com sua mãe, promoveu mais de 80 ações em cinco anos, reunindo cerca de 150 voluntários e impactando muitas crianças e adolescentes. Essas ações eram realizadas principalmente em casas de passagem (locais que acolhem provisoriamente crianças e adolescentes em situação de risco social).
Além da participação no voluntariado, outros pontos que João destaca sobre sua formação no Farroupilha são a participação na Miniempresa, que instigou nele o espírito empreendedor, e a equipe de Vôlei, sobretudo devido à figura do professor Pablo Menezes.
“O Pablo é uma pessoa completamente diferenciada. O aluno que passa por ele sai transformado. Eu entrei no Vôlei em 2012 e era o reserva do reserva do time B. Eu era tímido, não tinha força física… Permaneci no esporte até a minha formatura e, ao longo do meu desenvolvimento, com o auxílio do Pablo, que consegue extrair o melhor de cada pessoa, acabei como o capitão do time A. Todas as competências que aperfeiçoei no vôlei, levo para a minha vida, como determinação, liderança e trabalho em equipe”, ressalta João, que, ao visitar o Colégio para a conversa que deu origem a este texto, fez questão de dar um abraço no ex-professor.
Projeto Rondon e destaque na Graduação
O curso de Administração: Inovação e Empreendedorismo, da PUCRS, foi o escolhido por João Vitor para a graduação.
“Assim que cheguei na PUCRS, procurei a Pastoral para saber em que projetos eu poderia me envolver. Me joguei de cabeça em tudo, fiz valer a Universidade. Me envolvi em vários projetos e a maioria eram sociais”, conta.
Em 2019, João foi um dos oito estudantes da PUCRS selecionados para o Projeto Rondon. No Projeto, ele passou 20 dias em uma comunidade de São José do Piauí, onde, com um grupo, desenvolveu uma série de ações voltadas para instrumentalizar as pessoas que lá vivem a encontrarem soluções para seus problemas cotidianos.
“Sempre tive uma predisposição ao voluntariado, mas o Rondon confirmou. Eu voltei de lá pensando que eu queria fazer algo que realmente transformasse, não algo assistencialista, de ir pontualmente em um dia e não conseguir mudar mais que isso”, lembra.
Ao voltar do Piauí, João viu a oportunidade de conciliar a graduação com o voluntariado. Ele conta que, na época, cursava uma disciplina de Mercado e Modelagem e tinha que desenvolver um modelo de negócios e implementar no mercado. Foi aí que ele criou o MUDA – um programa que tem como objetivo oferecer oportunidades de desenvolvimento, orientações de carreira e proporcionar um espaço para o autoconhecimento de adolescentes do Ensino Médio de escolas públicas.
A iniciativa de João Vitor foi premiada na edição de 2019 do Torneio Empreendedor da PUCRS e estava prestes a ser implementada quando a pandemia do coronavírus interrompeu uma série de atividades no mundo todo, incluindo o projeto de João.
Mas a crise sanitária não parou o jovem que, no final do ano de 2020, foi convidado por um ex-colega do Farroupilha, Guilherme Carvalho, para criarem e serem sócios em uma startup de desenvolvimento de software, a Creatus. A empresa faz parte do Tecnopuc – hub de inovação e empreendedorismo da PUCRS – e existe até hoje. Nela, João auxilia outras pessoas a tirarem ideias do papel e colocarem seus projetos em prática.
Mestrado e projetos futuros
João concluiu a graduação no primeiro semestre de 2021. Logo em seguida, veio a oportunidade de cursar o Mestrado – ele fez o processo seletivo e conquistou uma bolsa para o programa de Administração da PUCRS.
Atualmente, ele está desenvolvendo a sua dissertação. O projeto consiste em um modelo de negócios para o Morro da Cruz, bairro periférico de Porto Alegre. Em parceria com um morador do bairro, João está desenvolvendo uma metodologia para que empreendedores locais possam construir o Morro do Futuro. Ele explica que a proposta é capacitá-los em empreendedorismo e inovação para que possam transformar as próprias realidades e a do local em que vivem.
Quando perguntado sobre como se vê daqui a cinco anos, fala sobre a certeza de estar envolvido em projetos sociais e, para justificar essa resposta, cita um dos livros de que mais gosta (Em Busca de Sentido: Um psicólogo no campo de concentração, de Viktor E. Frankl):
“Existem três formas de encontrar sentido na vida, amando uma pessoa, fazendo algo maior que você ou encontrando sentido no sofrimento inevitável da vida. Eu acredito que as duas primeiras estarão comigo daqui cinco anos: quero estar realizado com uma pessoa que amo e fazendo algo maior que eu”.